Uma disputa judicial entre os municípios de Aracaju e São Cristóvão, envolvendo parte da antiga Zona de Expansão, segue marcada por polêmicas e acusações. Em audiência de conciliação na Justiça Federal, realizada em 14 de outubro, determinou-se como ponto central o envio de uma malha digital cartográfica ao IBGE pelo Governo de Sergipe, essencial para definir os limites territoriais das duas cidades.
A redefinição atinge diretamente bairros como Santa Maria, Mosqueiro, Robalo, Areia Branca e Matapuã, que hoje integram Aracaju, mas, com a decisão, seriam incorporados à São Cristóvão. Essa mudança impacta diretamente a população e a economia das cidades: São Cristóvão, com 95 mil habitantes, passaria a 125 mil, enquanto Aracaju perderia 30 mil moradores, caindo para 573 mil.
Além disso, a transferência envolve 6,7 mil imóveis, 14 escolas com mais de 6 mil estudantes, três postos de saúde, 31 km de ruas pavimentadas e serviços públicos como redes de água e energia. A região gera cerca de R$ 5,2 milhões anuais em Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), que passaria a integrar os cofres de São Cristóvão.
O prefeito de São Cristóvão classificou a mudança como um “resgate histórico”. Ele argumenta que o território foi incorporado a Aracaju de forma injusta em 1999, por meio de uma emenda à Constituição Estadual, sem consulta à população. “Ficamos sem acesso ao mar e com núcleos históricos repassados à capital, enquanto nossa cidade era acusada de não ter condições de administrar a área”, afirmou.
A demora no envio da documentação gerou um impasse entre os municípios. O Governo do Estado alegou estar reformulando o cronograma para definir os limites, mas a Prefeitura de São Cristóvão acusa Aracaju e o Estado de promoverem uma “campanha difamatória”.
Segundo a petição enviada pela cidade em 19 de dezembro, a campanha teria inflamado a opinião pública, incluindo adesivos hostis circulando em Aracaju e faixas expostas na Assembleia Legislativa com mensagens contra São Cristóvão.
A prefeitura também alega que os limites já foram claramente definidos por uma lei estadual de 1954 e que o Estado estaria omitindo deliberadamente os mapas necessários. Como resposta, São Cristóvão pediu à Justiça um aumento na multa aos responsáveis pelo descumprimento da sentença e solicitou a intimação urgente do Secretário Chefe da Casa Civil e do Governador de Sergipe para apresentação dos documentos.
O caso foi encaminhado pelo juiz Edmilson Pimenta ao Ministério Público Federal para análise. Enquanto isso, o impasse territorial continua gerando tensão e atrito político entre as partes envolvidas.